26 Feb

Dia 2 de trilha! 

Acordamos empolgadíssimos com as energias totalmente renovadas. O caminho era quase todo de subida, bem ÍNGRIME. Objetivo do dia era chegar em Namche Bazaar. 

Sabe quando as pessoas contam que alguma coisa é dificil e a gente não consegue imaginar como pode ser? Exatamente isso foi o que vivemos nesse dia. Foi uma subida de mais ou menos uns 5km, em uma estrada de pedras e por vezes muitos degraus altos, onde o esforço é grande. 

Mas como a gente falou lá no início, vamos no nosso ritmo!

Saímos do lodge bem cedinho. Por volta das 6h30 ou 7h da manhã.  O sol ainda nem tinha passado as montanhas e por isso o frio era bem grande. Mas nada que um monte de roupa não resolva, mesmo que durante o dia você vá se desfazendo aos poucos das camadas que te aquecem. 

Como a maior parte do trajeto era de subidas, meu maior ponto fraco (Débora), toda vez que a gente cruzava com filas de animais, aproveitávamos para dar uma descansada, o que ajudava também a ver mais do caminho. Apreciar a jornada. 

E se tem alguma coisa nesse caminho que você não precisa se preocupar é com comida. A cada vilarejo que se cruza tem sempre alguma lojinha vendendo frutas, chips, água ou seja lá o que você vai precisar para seguir adiante. Inclusive é possível comprar cenouras ou nabos para ir mastigando! 

Nesse dia entramos então no Parque Nacional Sagarmatha, onde há a necessidade de adquirir mais uma permissão e registrar-se para poder seguir em frente. 

O pórtico do parque é a cara do Nepal. Colorido, cheio de deuses e com rodinhas de oração, te lembrando sempre que é momento de agradecer e se conectar mais uma vez com o que você está disposto a viver.

A partir desse ponto as coisas começam de verdade! Um bela descida pra te lembrar que tudo que desde sobe! E como sobe! 

Esse foi um dia que o mais importante foi negociar com o psicológico, saber que se é capaz de chegar, mesmo que todos passem pela gente. 

Ali pelo meio da manhã paramos para tomar um cházinho e juntar forças para começar a subida que iniciaria logo ao atravessar o rio. Falando em rio, toda vez que você precisa cruzá-lo, você vai descer bastante pra depois subir bastante, então apesar de lindo, nem sempre é uma boa se encontar com o rio! 

A primeira etapa da subida te levava até o início de uma ponte pênsil: a Hillary Bridge. Logo após iniciaria a famosa subida à Namche Bazaar.

Ainda no ínicio da trilha existem bastante placas com informações sobre o caminho, como esta:

Mas há um observação bastante importante nessa placa: o tempo que teoricamente você demoraria para subir um trajeto de 4km. Meras 2 horas! 

Como é mágico o poder de auto enganação do ser humano né? Pois então, a gente nem se iludiu que faria em 2 horas, imaginamos umas 3 horas, no entanto acredito que levamos umas 4h30 para fazer esse trajeto. 

Ahhh, mas vocês são lentos hein! Sim, somos. mas conseguirmos subir quase 3 mil metro de elevação em 4 km, chegando em Namche Bazaar super cansados mas sem nenhum sinal de sintomas do mal de altitude. 

E como tudo na vida tem 2 lados, devido a nossa lentidão, uma coisa que em nenhum momento se fez presente foi a dor de cabeça. Até tivemos algum outro sintoma de mal de altitude, mas nada que impedisse a gente de seguir adiante. 

Vimos gente pelo caminho sofrendo demais com dor de cabeça no meio da subida, que ou você terminava, ou você dava volta, mas a volta não é só descida, é necessário atravessar o rio pra chegar em algum vilarejo. Ou seja, é necessário administrar bem suas forças para conseguir atingir com sucesso e saúde o objetivo do dia. 

Cada pessoa que cruzava nosso caminho era um ponto de informação de quanto tempo ainda faltava. Mas eram informações supercificais porque é impossível mensurar o ritmo de cada um. 

Na montanha a gente aprende muita coisa, mas a principal delas, e a mais incrível é o auto conhecimento. Você só sabe do que realmente é capaz quando vai lá e faz. E nós só tivemos a dimensão do quanto subimos para chegar até Namche quando fizemos o caminho de volta, que foi o momento em que cansamos de descer, e percemos o quanto íngrime era aquela subida que a gente subiu com sucesso!

E finalmente chegamos em Namche Bazaaaaaaar! 

Antes de achar um hotel, encontramos uma menina linda: Susta Banya com quem conversamos um pouquinho e demos uma de nossas escovinhas. 

Até poderia ser só mais uma criança,  mas ela foi tão gentil. Enquanto eu (Débora) aguardava o Seve voltar de um hotel, a menina foi comprar 2 Kinder Ovos para retribuir nosso presente. Eu não me senti a vontade de aceitar porque sabia que ela seria muito mais feliz do que eu comendo aquele chocolate, mas hoje, eu acho que teria sido legal dividir com ela. Mas o que ficou foi o carinho que ela foi capaz de entegar pra gente! ❤️

Já não chegasse a subida até Namche, a cidade toda era em subida e o hotel que encontramos era quase que no último nível da cidade, então lá vamos nós seguir subindo para poder ter nosso momento de descanso. 

Devidamente acomodados, a primeira coisa que fizemos foi aferir a nossa oximetria para ter certeza de que tudo estava bem, e sim, realmente estava, chegamos com saturação de 83%, mas já mais a noite estavamos saturando 90% de oxigênio. É Considerado normal níveis de 88 a 93% para locais acima de 3000 msnm. Aqui vale ressaltar que é bastante importante nesses tipos de trilhas levar um oximetro, que é um aparelhinho bem pequeno, não pesa, é baratinho e além disso te possibilita acompanhar tua saúde.  

E pra finalizar a noite, de um dia exaustivo mas de muito sucesso,  por muito merecimento, fomos jantar comidinhas muito gostosas. 

Seve pediu um hamburguer de Yak (tipo uma vaquinha das montanhas) e eu um prato tradicional da montanha: Dahl Bath.


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