Depois de planejar bastante a respeito deste trekking, que muitas pessoas dizem ser difícil e também o mais lindo do mundo, achamos uma promoção de passagem aérea para a Índia, e aproveitamos a proximidade para poder fazer o trekking no Nepal.
Chegamos ao Nepal pelo aeroporto de Kathmandu, em um voo vindo de Nova Delhi. Ao chegar no aeroporto já sabíamos que seria necessário alguns trâmites para dar entrada no país. No Nepal, os brasileiros precisam de visto, que pode ser feito assim que chegar ao lá. O valor do visto varia de acordo com a quantidade de dias que você escolher ficar por lá. De US$ 30,00 por 15 dias, US$ 50,00 30 dias e US$ 125,00 90 dias (valores de outubro de 2023).
E desde o primeiro momento em que se pisa em solo nepalês, há uma receptividade enorme, todos querem te ajudar, inclusive os policiais da zona de imigração são bem alegres e cheios de sorrisos para te receber e entregar uma boa primeira impressão.
Antes de sair do aeroporto, a primeira coisa que fizemos foi comprar um chip de celular, mesmo não sendo um hábito nosso, normalmente optamos por usar as redes wi-fi dos locais onde passamos, mas em se tratando de um país onde é dificil pedir informação pela barreira linguística e pela escrita ser muito diferente da nossa decidimos que seria importante, e realmente foi.
Compramos o chip da Ncell, no próprio aeroporto, e você só precisa ter junto uma foto 3x4 para poder fazer a solicitação e já deixar ele habilitado para o uso.
Para sair do aeroporto decidimos pegar um táxi, que teve o custo de 900 rupias nepalesas (algo em torno de 38 reais), que dividimos com 2 meninas espanholas que haviam acabado de voltar da Índia. Além de poder trocar experiência e conhecer outras pessoas, diminui pela metade o seu custo.
Chegamos em Kathmandu a noite, e tinhamos o dia seguinte para organizar o que faltava para o trekking: comidas e aluguel de saco de dormir - altamente recomendável.
Como o aeroporto de Kathmandu estava em reforma, tivemos que nos deslocar até a cidade vizinha para pegar o voo até Lukla. Fomos a Ramechhap, que fica apenas 150 km de Kathmandu, mas a pelo menos 5 horas de distância, isso porque as estradas são extremamente curvas o que dificulta a fluidez do trânsito. Ouso dizer que nossa aventura já começou neste momento.
Esse translado de Kathmandu até Ramechhap é feito por uma van, e você pode contratar em qualquer agência de turismo. Fizemos isso na agência do nosso hotel, e custou US$ 25,00 o trecho por pessoa.
Saímos por volta da meia noite e trinta de Kathmandu e chegamos as 6 da manhã em Ramechhap, com tempo suficiente para tomar um belo café e ficar observando chegadas e partidas dos voos a Lukla. Nesse momento o nível de ansiedade era altíssimo.
O aeroporto de Ramechhap é um caso a parte, eu diria que parece até uma vendinha (hehehe), não tem cara nenhuma de aeroporto, a não ser pela pista.
Nessa foto abaixo você pode ver a sala onde as bagagens são revisadas e despachadas.
E logo nesta outra foto está a área de segurança e check-in.
Vale ressaltar que se você estiver fazendo uma viagem sem agências, por conta própria, vai ser importante se impor nas filas do aeroporto, ou então os guias e sherpas que já estão acostumados com os trâmites vão passar na sua frente e encher de malas a sua volta pra priorizar os clientes deles.
A gente comprou as passagens pelo site da Summit Air (https://summitair.com.np/) e foi super tranquilo. Antes de comprar entrei em contato com a companhia para ver possibilidades de modificar a data de volta, porque estimamos um tempo, mas não sabíamos se seria possível fazer nesse período o trekking, e a única coisa que eles pediram era pra entrar em contato por e-mail com 2 dias de antecedência para solicitar a modificação da data.
Sobre isso preciso deixar registrado a nossa satisfação com o turismo no Nepal. Como bons brasileiros temos sempre um desconfiança sobre as coisas darem certo, e toda vez que fazíamos uma compra para essa viagem ficávamos com um pé meio atrás porque as pessoas sempre diziam que tudo daria pra resolver e que daria certo, e te entregavam apenas um pepelzinho com alguma coisa escrita para comprovar. E sim, deu tudo perfeitamente certo. As pessoas são realmente confiáveis e prezam por isso.
Hora de nos dirigirmos ao avião, éramos os primeiros da fila, justamente para poder sentar nos melhores lugares do avião e poder ver as montanhas que estão a esquerda no voo. Toda a cadeia montanhosa dos Himalaias podem ser vistas durante esse voo de apenas 20 minutos.
Nem mesmo quem costuma ter medo de avião tem esse sentimento maior do que a alegria de realizar um sonho e voar em um voo panorâmico. Foi um dos voos mais lindos que já pudemos viver. As paisagens do local e a proximidade com a natureza fazem desse voo um momento mágico. E a título de curiosidade nos pareceu um voo bastante seguro, mesmo a aterrisagem foi super sutil e tranquila.
Chegamos em um dia lindo no aeroporto de Lukla. Ansiosos por começar a realizar mais um sonho das nossas vidas.
Era momento de controlar o coração para poder iniciar o nosso primeiro dia de caminhada.
A chegada no aerporto de Lukla nos trouxe inúmeros filmes a cabeça, além da sensação de já ter passado por ali, de tão familiar que parecia. Foi realmente incrível.
Ao descer do avião entramos por uma portinha que levava até um saguão do aeroporto e lá pegamos nossas mochilas.
Havia muitas pessoas pegando suas coisas e se encontrando com seus grupos pra então começar sua caminhada.
Quando nos perguntavam com que grupo estávamos a resposta era sempre a mesma: estamos sozinhos, vamos fazer tudo no nosso ritmo.
Decidimos por não contratar sherpas e nem guias para poder ter a liberdade de fazer as coisas do nosso jeito, no nosso ritmo. Eu (Débora) tenho algumas limitações de saúde, e pra isso consultei médicos e fiz exames para ter certeza que estaria tudo certo para cansativos e lindos dias que teriamos pela frente. E sugiro que quem for fazer qualquer tipo de trekking em altitude faça o mesmo. Conhecer seu corpo e limitações para poder encarar desafios em altitude torna tudo mais seguro e tranquilo.
Lukla respira trekking e energias positivas. Pessoas que estão chegando a cidadezinha com sonhos para realizar, e outras que retornam com seus sonhos realizados cheio de alegrias. Bandeirinhas e rodas de orações já começam a te acompanhar desde o começo do caminho. É visível a influencia religiosa na vida daquele povo.
Caminhamos até que nos deparamos com o portão que dá inicio oficialmente a trilha do Everest : Pasang Lhamu Gate, em homenagem a primeira mulher nepalesa (Pasang Lhamu Sherpa) a subir o monte Everest, que infelizmente faleceu na descida.
Logo após já vem a casinha onde fazemos as primeiras permissões para fazer o trekking. Para quem vai sozinho, são pontos importantes, onde se faz o registro de passagem.
Nem mesmo a canseira de uma noite inteira viajando em uma van diminuía nossa empolgação nesse momento.
Iniciamos uma caminhada de 5 horas para chegar até o vilarejo de Monju. O trecho inicial foi de descida, e isso acontece devido ao relevo da região, afinal nossos próximos dias seriam entre vales e montanhas.
Foi dia de primeiras vezes:
A primeira ponte pênsil.
O primeiro cházinho de gengibre limão e mel.
A primeira roda de oração desejando só o melhor para nossa "expedição".
Era tanta coisa nova que dava vontade de fazer foto em todos os lugares.
E foi momento também de encontrar nossa primeira criancinha no caminho, e fazer aumentar o sentido daquela caminhada.
Haviam 2 propósitos nessa viagem: um pessoal e outro social. O pessoal envolvia chegar ao campo base do everest, enquanto o social fazia parte do nosso projeto de vida que é distribuir escovinhas de dentes e promover saúde bucal.
Terminamos o dia 1 chegando em Monju, um pouco cansados, mas de alma lavada de poder fazer nossa vida valer a pena. De ir atras de realizar mais um sonho.
Dormimos no primeiro Lodge do vilarejo, e pasmem o valor para dormir era de 500 rupias nepalesas o casal, algo em torno de 19 reais. Um quartinho com cama de casal e um edredon bem quentinho.
Isso foi se repetindo ao longo da trilha. Custo de hospedagem super pequeno, mas com a obrigação de consumir o café da manhã e o jantar no local. Normalmente os locais ofereciam banho, que se pagava a parte.